II Colóquio Filosofia e Quadrinhos
Artigo apresentado:
Erótica e Quadrinhos: A Arte Marginal de Guido Crepax.
Erótica e Quadrinhos: A Arte Marginal de Guido Crepax.
IFCS, UFRJ, 2012.
Resumo:
No renascimento, o advento da imprensa favoreceu a
popularização da arte erótica. Produções artísticas únicas, antes restrita a
poucos, tornaram-se produtos populares e faziam circular textos e imagens sobre
as intimidades de deuses, nobres e camponeses. Desde então, na construção da
erótica moderna, a Itália certamente destaca-se em sua produção mais gráfica, mais
visual. Enquanto na França, a literatura libertina do Marques de Sade e do
Conde Masoch consagrava Justine, Juliete e Venus das Peles à Collection de l’Enfer, as deusas e
cortesãs do I Mode de Agostino
Carracci e Marcantonio Raimondi alimentavam as fantasias dos italianos.
Hoje, os fumetti protagonizados por Valentina, Gulivera,
Ego e Druna, nascidas dos originais de Crepax, Manara, Giardino e Serpieri,
reforçam a tradição da arte erótica na Itália. Dentre estes, destaco a obra de
Guido Crepax por sua dimensão artística, por seu conjunto, por seu caráter
original. Além de criar Valentina, que permanece tão viva e sedutora quanto no
dia em que foi publicada pela primeira vez, Guido revisitou os clássicos da
literatura reconstruindo-os de forma densa e magistral. O teor erótico de suas
histórias não é para ele necessariamente o fator mais importante, mas está lá,
em todos os planos, nos objetos de cena, na fragmentação do corpo dos
personagens. A cada página Crepax rompe com as convenções de gênero e convida-nos
à contemplação. Seus quadrinhos incluem referências das mais variadas vertentes
da arte, tornando-se igualmente fonte de referência cultural, seja para o
cinema, a fotografia, a moda, etc.